quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ópera do Malandro


No final de junho, novamente a Ópera Rock ISL investiu numa visita ao teatro. Agora, o local era mais tradicionalmente conhecido, a Casa de Cultura Mário Quintana. A peça, uma das maiores obras de Chico Buarque: a Ópera do Malandro. Após as tratativas para visitarmos, negociamos ir no domingo, último dia de apresentação. Com o Teatro Bruno Kiefer lotado, os integrantes da Ópera se instalaram nas fileiras mais altas do auditório, o que proporcionou uma viagem interessantíssima pela história proporcionada.
Diferentemente de Day By Day, essa peça foi dividida em dois atos, o que rendeu quase 3h de apresentação. O envolvimento das personagens, da cantoria e do cenário, no entanto, segue o mesmo sistema da peça anterior. O uso de apenas duas “escadarias” no cenário propiciou grande mobilidade dos atores. O figurino – simples, mas totalmente de acordo com a proposta – mostra que o uso de muitas roupas e a troca constante talvez não sejam essenciais pra uma peça: basta que saibamos ilustrá-la na passagem de cena para que tenhamos uma nova idéia do enredo.
A ida à CCMQ foi tão proveitosa que alguns integrantes passaram dias cantando algumas músicas presentes no espetáculo, como foi o caso da querida Fernanda Sanson, que não largava a “Geni” de forma alguma...
Abaixo, as fotos da visita e o enredo da peça!


Nesta versão, no lugar de grandes cenários, apenas três caixas e duas escadas, que além de servir como objetos de cena serão utilizadas por alguns atores como apêndice do corpo dos personagens. Os que não puderam se apropriar delas negociarão com os que tiverem, para poder ascender e subir pelo menos um degrau nessa escada. Com figurinos confeccionados em tons entre o preto e o branco e o uso da luz para dar um efeito de envelhecimento, é criado um mundo que reflete o que vivemos, sem a máscara das  boas maneiras. Tem ainda pinceladas de metateatro (existe uma bala perdida que atingirá um dos atores em cena aberta e outro virá substituí-lo - os atores que fazem personagens com poucas falas, acreditam que existe um agente da Rede Globo na platéia e aproveitarão seus diálogos para mostrar todo o seu talento; além da rivalidade entre atores principais, coadjuvantes e figuração), com o propósito de pôr à mostra o submundo que geramos com a nossa estrutura social, baseada no antagonismo entre as classes.

Os acontecimentos que cercam a realidade dos personagens como o nazismo, os bailes no Catete, e a própria alienação de uma sociedade que vive comodamente na ignorância, serão eventualmente transpostos para o palco, numa divisão do espaço cênico, delimitado pela luz: A Sra. Vitória Fernandes de Duran jogada ao chão (primeiro plano) lamentando o casamento da filha (sua moeda de troca por prestígio e uma vida melhor) com um contraventor. Vive o drama de ser rejeitado por uma sociedade que baila nos Salão Nobres do Palácio do Catete (segundo plano), enquanto judeus marcham a passos largos para o extermínio (terceiro plano).


Em breve, mais informações sobre novas expedições da Ópera Rock ISL!

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